Entrevista: Rosa de Saron

06 de março de 2009, 11h54, por Da redação, por Tatiana Pires

Com o intuito de se diferenciar das demais bandas de música gospel, a Rosa de Saron apresenta melodias que exprimem a maneira de ser, pensar e sentir dos músicos.

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Ouça as músicas de Rosa de Saron

Com mais de 20 anos na estrada, Rosa de Saron vem ganhando repercussão no cenário nacional. Formada por Guilherme de Sá (voz e violão), Rogério Feltrin (baixo), Eduardo Faro (guitarra) e Grevão (bateria), a banda muito conhecida no segmento religioso está ganhando notoriedade após o relançamento do ‘DVD Acústico ao Vivo’ por uma grande gravadora nacional.

Considerada a pioneira no estilo ‘heavy metal’ católico, a banda lançou seu primeiro álbum “Diante da Cruz” em 1994. De lá pra cá muita coisa mudou, hoje o estilo musical se encaixa no pop rock.

A seguir uma entrevista exclusiva para o Kboing com o líder do grupo. Rogério Feltrin conta a trajetória da Rosa de Saron:

Kboing – Como foi o início da banda?
Rogério – Começamos em 1988, dentro do Movimento de Renovação Carismática da Igreja Católica, nos conhecemos ali e nos juntamos para tocar nos encontros, nos retiros, animar os eventos. Depois de um tempo tocando juntos, começamos a trabalhar com música própria, inscrevê-las em festivais, a coisa começou a dar certo, a gente começou a ir bem, ganhar festivais e assim foi.

Kboing – A banda tem a mesma formação do início?
Rogério – Não, da formação inicial está só eu. O guitarrista está desde 1990, o baterista entrou logo depois e o vocalista entrou em 2001. Estamos com a mesma formação desde 2001.

Kboing – Existe algum motivo na escolha do nome Rosa de Saron?
Rogério – O nome foi tirado de uma expressão bíblica do livro 'Cântico dos Cânticos'. Saron é uma região desértica da Palestina e a expressão tem uma simbologia muito forte de uma flor que nasce no deserto, representa a vida que vence a morte, a esperança, a vida que existe apesar das diversidades. É uma figura bíblica na verdade.

Kboing – Mesmo com 20 anos de estrada, só nos últimos meses a banda vem ganhando repercussão nacional. O que impulsionou esse reconhecimento?
Rogério –
Dentro do segmento religioso a gente sempre foi muito conhecido. Há muito tempo viajamos pelo Brasil fazendo show. No ano passado, a gente fez 108 apresentações pelo país inteiro. Estamos ficando mais conhecidos porque fechamos um contrato com a Som Livre, que está distribuindo o DVD gravado em 2008, o que viabilizou essa repercussão, pois o poder de mídia é muito grande, atingindo um mercado que extrapola, e muito, o religioso.

Kboing – A Rosa de Saron começou sendo uma banda gospel de estilo ‘heavy metal’. Qual estilo musical vocês tocam agora?
Rogério –
O som da banda mudou muito, acho que amadureceu bastante. Fomos experimentando coisas novas, afinal 20 anos é muito tempo e a gente vai mudando.
É muito difícil rotular a banda hoje, até eu tenho dificuldade de rotular, mas é o que se chama lá fora de rock, pop rock, uma linha assim. A banda não se enquadra mais no estilo metal, temos algumas influências, lógico, por um tempo ouvimos muito, mas não é o que rege o som da banda.

Kboing – Qual o principal público da banda?
Rogério –
Temos uma abrangência em todos os segmentos, religioso ou não. Entre o religioso temos muitos fãs evangélicos, que ouvem nossas músicas mesmo sendo uma banda católica.
O nosso público está nos grupos de jovens, movimentos pastorais, enfim os jovens mais engajados na igreja, mas também atingimos um público fora da igreja e agora com essa mídia o alcance será maior ainda.

Kboing – Quantos CDs a banda gravou ao longo da carreira?
Rogério –
São sete trabalhos, e esse último é CD e DVD.

Kboing – Em média quantos shows são realizados por mês?
Rogério –
Fazemos uma média de 9 shows por mês, em maio faremos 15. Mas tem mês que damos uma parada, no final e no começo do ano.

Kboing – Qual o balanço vocês fazem desses 20 anos de estrada?
Rogério –
É muito positivo em termos de aprendizado. A gente sempre procurou levar uma mensagem de fé, de esperança, de amor, mas no fim nós recebemos muito mais das pessoas do que passamos para elas. É gratificante ver o seu trabalho sendo reconhecido, mas o crescimento como pessoa é o mais gratificante. Então, acreditamos que Deus não deu só uma oportunidade de divulgar nosso trabalho e sim uma oportunidade de sermos pessoas melhores. Estamos longe de ser muito bom, mas estamos na busca e tudo isso graças aquilo que a gente se propôs a fazer.

Kboing – A música ‘Sem você’ conquistou a 1ª posição no site Kboing, um dos principais sites de música do Brasil, passando a dupla Victor & Léo, que mantinha essa posição há quatro meses. Nas outras mídias, a banda tem o mesmo apoio que encontra na Internet?
Rogério –
Esse apoio existe, mas é muito pouco ainda. A Internet é o veículo em que estamos melhor em disparada. Isso me deixa feliz e entusiasmado, porque eu vejo a Internet hoje com a mesma importância que o rádio tinha há 20 anos. Às vezes temos aquele paradigma de que a música tem que estar tocando no rádio para ser conhecida e isso ficou para trás, a Internet é muito acessível, atingindo todas as classes sociais. É bacana você saber que o alcance é grande.

Kboing – Quais são os planos da banda?
Rogério –
Temos projetos a médio e a longo prazo de fazer um disco de inéditas. Estamos com intenção de voltar a compor, mas não temos um cronograma para isso. Acreditamos que o ‘DVD Acústico ao Vivo’, que acabou de ser relançado em janeiro pela Som Livre, é um produto novo que está chegando para as pessoas agora, então temos muito que trabalhar nele ainda, muita lenha para queimar.

Kboing – Você gostaria de deixar algum recado para os fãs?
Rogério –
Queria muito agradecer. A gente tem total consciência que essa projeção na Internet é só em função dos fãs que acessam, que buscam as nossas músicas. Isso nos deixa muito felizes. Sabemos que isso é trabalho de formiguinha, de um a um, de fã mesmo. Se hoje estamos tendo essa projeção é porque foi no boca a boca, na indicação que as pessoas fazem para os amigos. O sentimento de gratidão não tem como retribuir.
A gente fala, e não é demagogia, que cada fã faz parte da banda, nosso trabalho não é uma coisa só nossa e as pessoas curtem passivamente, elas trabalham, elas divulgam. Cada pessoa que se identifica com o nosso trabalho faz parte desse corpo que é o Rosa de Saron e hoje graças a Deus é formado por milhares de pessoas que acreditam na proposta.

Discografia:
“Diante da Cruz” (1994)
“Angústia Suprema” (1997)
“Olhando de Frente” (1999)
“Depois do Inverno” (2002)
“Casa dos Espelhos” (2005)
“Acústico” (2007)
“DVD Acústico ao vivo” (2008)