Entrevista: Daniela Mercury

24 de março de 2011, 13h26, por Da redação, por Tatiana Pires

"Bailarina desde criança" como ela própria enfatiza com orgulho, Daniela Mercury reflete nos palcos e no trio elétrico essa formação. A disciplina e a emoção transmitidas por essa profissão está em todos os detalhes da performance dela, que há anos cativou um público fiel. Muitas cantoras surgiram, novas bandas, mas a rainha do axé foi e continua sendo Daniela Mercury.

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Letras de Daniela Mercury
Fotos do show

Os fãs já podem comemorar, pois este ano será cheio de surpresas e novidades. Gravado na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), em dezembro do ano passado, o novo DVD “Canibália: Ritmos do Brasil” está em fase de finalização. Daniela Mercury promete lançar o novo trabalho entre os meses de abril e maio.

Kboing - Você é considerada a rainha do axé baiano. De onde vem tanta energia pra pular e cantar com tanta intensidade?
Daniela Mercury -
Sou bailarina desde criança, então essa consciência de corpo, de performance e boa alimentação faz parte de minha vida desde muito novinha. Sempre pratiquei exercícios físicos e para cumprir minha rotina de shows preciso manter o meu corpo condicionado. Quando chega o período do Carnaval, tomo alguns cuidados adicionais, mas não faço nenhuma mudança radical. Tem também a energia do público, que é essencial. O verdadeiro motor de minha energia. Quando chego na avenida e vejo aquela multidão se divertido e cantando junto comigo, me sinto revigorada.

Kboing - Qual é o segredo para manter um público tão fiel?
Daniela Mercury -
Sempre coloco a minha verdade em todos os meus trabalhos. Cantar é uma forma de expressar o que há em minha alma. Sou muito eclética e minha obra reflete isso...Já fiz o CD/DVD "Clássica" com grandes sucessos da música popular brasileira; lancei o DVD "Baile Barroco" todo gravado em cima do trio elétrico, no carnaval de Salvador. Lancei o CD "Carnaval Eletrônico" só com música eletrônica. Na verdade, desde 2001, no CD "Sol da Liberdade", venho experimentando a música eletrônica...No DVD que ainda vou lançar,  "Canibália: Ritmos dos Brasil", trago o som percussivo de regiões diferentes do Brasil. A cada trabalho canto o que acredito. Respeito muito minha intuição e sigo em frente!

Kboing - Você prefere tocar em cima do trio elétrico ou em palco? Qual é o mais estimulante?
Daniela Mercury -
Eu amo o palco, independente do formato (risos). Por ser bailarina desde criança, tenho uma intimidade muito grande com o palco. É um lugar mágico, sagrado...É possível produzir um cenário maravilhoso, pensar na iluminação, no figurino dentro desse espaço...Tem que se planejar. Enfim, é uma infinidade de situações e amo cuidar de cada uma delas. Já o trio é um espaço mais espontâneo, que está ligado a uma festa de rua enorme, com uma dinâmica particular. É uma escola de samba sobre rodas. Como sou muito inquieta e gosto de misturar as referências, já levei uma orquestra para o trio; um piano de cauda, em outro ano; já montei cenários em cima do trio. Em 1999, inseri a batida eletrônica no repertório do carnaval, pela primeira vez...É emocionante viver essas novidades e poder escrever essa história.

Kboing - Cantora, compositora, dançarina, produtora, como Daniela Mercury concilia todas as profissões?
Daniela Mercury -
Bailarina desde criança, sempre tive uma relação muito estreita com a música. Comecei a cantar espontaneamente em reuniões da família e também em encontros de amigos. Recebi muitos elogios e o estímulo para cantar de novo. Era o início de uma nova paixão que foi me conquistando aos poucos e de forma definitiva. Logo no início, criei o meu escritório. Sou naturalmente inquieta, por isso sempre fiz questão de participar, de estar à frente de todas as decisões relacionadas a minha carreira. Assumo o papel da cantora, diretora, produtora etc. É possível conciliar porque amo o que eu faço e me sinto uma pessoa privilegiada por isso.

Kboing - É fácil administrar o sucesso que você alcançou?
Daniela Mercury -
Meus fãs são maravilhosos! Alguns já viraram amigos. Eles acompanham a carreira, as entrevistas, sabem como penso...Se organizam em caravanas para acompanharem grandes shows, gravações de DVD, fazem a "Pipoca da Rainha", no carnaval, que já virou uma tradição e entrou para o Guiness Book como a maior pipoca da história...Esse ano, durante o carnaval, ganhei, pela segunda vez, uma chuva de pétalas de rosas que eles organizaram. Fiquei muito emocionada! Tenho com eles uma relação de respeito e muito carinho!
A minha relação com a mídia também é de muito respeito. Tento mostrar sempre o que acho que é interessante, o que é rico e que acredito que pode acrescentar para as pessoas.

Kboing - O que você acha da internet e da maneira como os internautas possuem um acesso mais fácil às músicas?
Daniela Mercury -
Com o avanço da tecnologia, o mercado enfrentou diversas mudanças, principalmente na forma de distribuir a obra, mas já há uma compreensão melhor sobre essa nova realidade. É natural que as novidades cheguem e causem transformações. O desafio é se adaptar da melhor forma possível.

Kboing - Após tanto hits e clássicos inesquecíveis ao longo da carreira, você conseguiria fazer uma lista das músicas preferidas?
Daniela Mercury -
Cada música que eu componho ou interpreto tem uma história. Fica difícil escolher apenas algumas canções. São emoções e momentos distintos, mas todas muito especiais.

Kboing - Quais são os seus planos este ano?
Daniela Mercury -
No réveillon deste ano, gravei o DVD "Canibália: Ritmos do Brasil", na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Esse DVD faz parte do Projeto Canibália, que dei início em agosto de 2009. De lá pra cá já lancei o show e CD homônimos, um documentário (Sonora-Rio Bahia) e estou finalizando o DVD para que seja lançado entre abril e maio. Nesse trabalho eu contei com convidados muito especiais: A Escola de Samba Unidos da Tijuca e o Afro Lata, do Rio de Janeiro; a Banda Didá, da Bahia; e o Boi Garantido, do Festival de Parintins, do Amazonas. Quatro vertentes percussivas do Brasil, algumas mais urbanas, mais ligadas às fusões do funk com o samba e com as levadas percussivas cariocas, como o Afro Lata. A banda Didá que é uma síntese da música afro baiana recente. A escola de samba Unidos da Tijuca que vem trazendo todo o esplendor do Rio de Janeiro, com a força e com suas fantasias e carnavalescos extraordinários numa visão estética única que o Brasil tem, não só rítmica mas estética também. E Parintins, trazendo sua batucada. Lá, eles chamam a percussão de batucada. A batucada deles tem variações rítmicas que não são populares no Brasil ainda e estou levando para o DVD essa estética do Norte, com sua história, seus artistas plásticos, suas cores e sons...

Kboing - Por favor, deixe um recado para seus fãs que acessam o Kboing.
Daniela Mercury -
Foi um prazer participar desse site e fazer essa entrevista. O DVD está lindo e chega pra vocês nos próximos meses. Estou muito feliz com o carnaval, que foi muito especial, e esse ano, tem muitas novidades pela frente. Estou animadíssima! Espero vocês nos próximos shows pelo Brasil e pelo mundo.