Dinho Ouro Preto fala sobre planos para nova turnê

16 de janeiro de 2010, 13h27, por Da redação, por Tatiana Pires

O vocalista da banda Capital Inicial, Dinho Ouro Preto, mandou um recado aos fãs sobre seus planos para o grupo. No blog da banda ele escreveu sobre a nova turnê, as novas composições e a dificuldade em deixar tudo perfeito.

Dinho Ouro Preto caiu do palco durante uma apresentação em Minas Gerais, em 31 de outubro do ano passado. Ele sofreu traumatismo craniano e fraturou duas costelas. O músico ficou internado por 30 dias.

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Confira a íntegra do texto de Dinho:

..“Eu tô começando a conseguir pensar mais no futuro do que no passado.
Eu sei que sou um tanto maníaco compulsivo obsessivo, não no sentido literal como o personagem que o Jack Nicholson interpreta em Melhor é Impossível. Mas no sentido de que quando estou no meu estado ‘normal’ eu só penso em música e tudo que envolve colocar um show bacana na estrada.

Já que falei de cinema, me vem outro filme à cabeça. Esse não fez tanto sucesso, mas é a respeito de uma banda imaginária que se chama Still Water, se não me engano. O filme se chama Quase Famosos, o que não deixa de ser irônico porque nenhum dos atores é muito famoso. Mas vamos ao filme. A banda está na estrada, sendo acompanhada por um repórter da Rolling Stone, que faz o papel de um garoto que na vida real se chama Cameron Crowe, que aliás dirigiu o filme.

O filme é assim, mistura ficção com realidade. Algumas coisas que acontecem com a banda aconteceram mesmo com bandas de verdade, como uma cena hilária num avião que teria acontecido com The Who. Esse cara, o Cameron Crowe, tem como mentor um outro jornalista de verdade, o amargo, mas engraçadíssimo, Lester Banks, que vive dizendo pro garoto nunca se envolver com a banda porque ele acabaria seduzido pela vida de aviões, sexo, drogas e fama. E é exatamente o que acontece. O cara se torna amigo do Still Water, embora no final faça um artigo que desagrada a banda.

Mas nada disso é sobre o que eu queria falar, dei uma viajada. Meu ponto é que em determinado momento o Cameron Crowe, durante uma entrevista, pergunta ao guitarrista o que ele mais gostava no rock’n'roll. O cara fica quieto pensando, e lá pelas tantas responde: “Tudo. Eu me sinto assim, gosto de todo o universo em volta de rock. Das roupas, às caras e bocas, aos cenários, estilo de vida, letras, guitarras, baterias, baixos, às luzes dos shows, discos e capas…enfim, tudo.” E no momento, eu tenho pensado só nisso.

Eu tive muito tempo pra pensar no assunto. Eu não tirava férias há dez anos, e eu quero aproveitar essa interrupção pra mudar muita coisa. Eu não quero, no entanto, aparecer com outra banda. Digamos que o Capital vai ter uma sonoridade diferente e o que estou pensando pro cenário, caso seja viável, vai ser surpreendente. Quanto às roupas acho que isso fica igual jeans e camiseta. E instrumentos então nem se fala. Decidi fazer uma pequena coleção de guitarras, violões e baixos. Não sou um bom instrumentista, mas desde garoto sou apaixonado por coisas como uma Les Paul ou uma SG. É gozado, só fui comprar essas coisas agora.

Mas voltando aos meus novos instrumentos, consegui uma Strocaster de 77 e um Precision de 72. O baixo o Flavio usou em algumas canções do disco novo. Aliás, eu também nunca tive tanto tempo pra pensar num disco. Quase todo dia eu mudo o pedaço de alguma letra. O que na verdade é um saco porque você nunca se dá por satisfeito. Então você de repente se vê atormentado por uma rima e métrica que você não consegue encontrar.

Por exemplo, fiz uma canção que por enquanto se chama Quero Ser Como Você e, em determinado momento, tem uma frase que diz “diga uma palavra pra me acalmar” e eu preciso de algo que tenha o mesmo ou quase o mesmo número de sílabas, que acabe em “ar”, mas que não seja um verbo. E só me vem à cabeça coisas como bar, mar, lar e pomar. Enfim, nada que eu possa usar. E por aí vai, toda vez que ouço uma das canções, eu tenho vontade de mudar alguma coisa. Eu sei que em algum momento vou ter que me resignar e dar por encerrado, mesmo achando que eu poderia melhorar algum detalhe.

Me vem à cabeça uma coisa que Renato me dizia nos anos oitenta. Ele dizia que um disco fica pra sempre, que era preciso tomar muito cuidado, e que nós fazíamos discos apressadamente. Ele tinha razão. Mas hoje é diferente, estou compondo com o Alvin e o Pitt desde o começo do ano passado e ainda tenho tido esse tempo extra pra acabar as letras. Não quero dizer com isso que vou fazer algo perfeito, mas vou saber que fiz meu melhor. E eu acho que é isso que importa. Eu começo a gravar as vozes no dia 28. Que ‘meda’.

Boas vibes”.