Cobertura SXSW: Uma viagem pelo novo

18 de março de 2011, 15h32, por por Vigilante

Enquanto uma parte do Vigilante enfrentava a concorridíssima fila para assistir ao Queens of the Stone Age em um canto da cidade, a outra metade corria para acompanhar showcases de algumas das mais interessantes e promissoras bandas que se apresentam no SXSW este ano. E, na verdade, bastou enfrentar uma única fila para assistir a 3 delas, num belo line-up montado pelo Time Out North America.

E a noite começou com o Yuck, banda inglesa formada por 2 membros remanescentes do Cajun Dance Party, uma das maiores apostas da gravadora XL há 2 anos e autores de um dos maiores hits que o mundo não descobriu. Nesta nova formação – com referências um pouco aparentes demais ao Sonic Youth – o ótimo guitarrista Max Bloom ganhou mais espaço e guia todas as músicas brilhantemente. No repertório, belas baladas e algumas outras boas canções. Banda pra se acompanhar com atenção!

Em seguida, James Blake, o novo artista mais hypado do momento (ou confundi com o Vaccines?), subiu ao palco, acompanhado apenas de um guitarrista e um baterista. Não precisava de mais. Se você se apaixonou ou se indiferença foi a sua resposta às gravações de estúdio dele não importa. Ao vivo vai se render. O show conectou toda a audiência, levou às lágrimas alguns, mobilizou todos. É impossível não se emocionar com o baile de graves que dançam sob a linda voz de Blake. Hoje ele se apresenta numa igreja. Tem tudo para ser um dos grandes shows do ano.

Ainda estupefatos com a curta apresentação, o público assistiu em seguida aos aguardados Smith Westerns, cujo “Dye It Blonde” foi um dos primeiros belos álbuns de 2011. De cara, ao subirem no palco, a primeira dúvida que cruza a cabeça é se eles não têm que acordar cedo pra escola amanhã: poderiam ser facilmente confundidos com uma banda adolescente de garagem. E talvez tenha sido isso, ou a potente beleza do show de Blake ou as altíssimas guitarras do Yuck, mas as ótimas canções do grupo ainda não parecem inteiramente azeitadas ao vivo. Os timbres de guitarra que permeiam o disco não foram alcançados pela banda e o resultado é uma massa sonora, que ainda que executada com esforço por eles, revela uma ponta de inexperiência que não se demonstrava em estúdio. Ainda assim, o show teve seus bons momentos e foi a oportunidade de ver uma boa banda em crescente ao vivo.

A noite terminou com uma corrida ao Red 7, um delicioso inferninho, onde estava para acontecer um show do Okkervil River. Para quem não conhece, a banda ganhou atenção em 2005 quando lançou a pequena obra-prima “Black Sheep Boy“. Desde então, na linha de artistas como The National e The Hold Steady, que conquistam grande apelo de imprensa antes do público, eles so vêm crescendo. E com casa lotada, o grupo, natural de Austin, realizou uma apresentação impressionante, comandando uma espécie de catarse coletiva que só podia acontecer em um espaço como aquele. O setlist impecável foi executado com a precisão de um Wilco e a potência de um Foo Fighters. O líder e vocalista Will Sheff chegou a pedir desculpas pela sua guitarra ter ficado um pouco alta demais em determinado momento. O público não se chateou nem um pouco. Basta dizer que se tem um show que fez todo o sentido assistir no Texas foi o do Okkervil River. E que eles são de fato uma das bandas mais importantes dos EUA no momento.

Para encerrar, na noite anterior, após o Foo Fighters, o Vigilante teve tempo ainda para acompanhar mais um show. Também muito jovens, os ingleses do Pulled Apart by Horses fizeram um set DESTRUIDOR no Latitude 30 aqui em Austin. A banda era uma dica da Spin e o pequeno clube estava lotado, derretendo. Imagine juntar o DNA do Black Sabbath com o do Black Flag somado a tendências progressivas e levadas pula-pula bem sujas. Tipo o Rage Against the Machine virado no cão. Não, você não consegue imaginar, tem que ver. Foi um dos sets mais quentes que vimos de uma banda nova nos últimos tempos e uma das melhores interações banda/platéia também. O guitarrista preferia fazer seus solos sujos e atonais (a la Sonic Youth mesmo) sendo carregado em mosh pela platéia, o vocalista preferia cantar os refrões gritados (GRITADOS!) montando em cima de alguma vítima na beirada do palco. Inquietos? Talvez. Na real, o palco ali era pequeno pra essa enorme banda.

No site deles dá para baixar videos ao vivo. Vale a pena!

Tudo bem que a gente gosta de falar que essa música ou aquela banda é a trilha sonora do fim do mundo. Mas essa aqui, era mesmo.

P.S. Esse post foi terminado ao som de uma incrível apresentação do DeVotchKa no meio da tarde. Dá pra melhorar?

P.S.2: No site da NPR dá para ouvir os shows do James Blake e do Yuck comentados nesse post!