Numa era marcada por IA, Nay Porttela surge como quem abre as janelas ao amanhecer e deixa a luz entrar. Seu novo álbum, "Alvorada" é exatamente isso: um respiro. Um nascer do sol em forma de música.
Depois de dois discos de releituras e dois de composições autorais, Nay Porttela dá continuidade a uma trajetória que dialoga com a sofisticação da MPB. Em "Alvorada", ela entrega seu trabalho mais maduro, mais íntimo e, ao mesmo tempo, mais conectado com outras culturas e linguagens. O disco é construído com atenção minuciosa às pausas e um profundo estudo de texturas, ritmos e timbres que atravessam a bossa nova, o samba, o jazz e a música regional do interior do Brasil.
A estética de "Alvorada não se revela apenas no som, mas também no olhar. A direção visual de Rodolfo Ruben acompanha todo o projeto com uma sensibilidade rara. O ensaio aconteceu na histórica cidade de Goiás, Patrimônio Mundial da UNESCO, cuja beleza e cultura reforçam a estética única de Alvorada. Cada faixa ganha um universo próprio, alinhado ao minimalismo e à sensibilidade que marcam o trabalho de Nay Porttela. As imagens capturam a artista em cenários naturais de Goiás como o Rio Vermelho, reforçando a ideia de renascimento e entrega que percorre as faixas do álbum. Rodolfo Ruben não ilustra, ele escuta e transforma cada imagem em continuidade da música.
Além de "Alvorada", Nay prepara três projetos paralelos para 2026: uma interpretação intimista de Caetano Veloso em piano e voz; um mergulho na bossa nova, revisitando músicas que marcaram sua essência; e o projeto intitulado Interior, onde ela revisita canções do seu universo musical pessoal.
Fonte: Ana Paula Romeiro
