Confira bate-papo exclusivo com a banda ToyShop

19 de janeiro de 2017, 15h42, por Alexandre Murari
Divulgação

Bom, se você acompanhou o cenário do rock nacional dos anos 1990 e começo de 2000, certamente ouviu a banda ToyShop, que emplacou músicas em rádios de todo Brasil, além de marcar presença em vários programas de televisão.

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Mas, como nem tudo é só alegria, em 2001, alguns fatores fizeram com que o grupo encerrasse as atividades e, portanto, cada integrante seguiu o seu caminho.

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Entretanto, após 12 anos do término, Natacha Barroso, Val Santos, Gabriel Weinberg, Guilherme Martin e Nando Machado se encontraram novamente e decidiram retornar às atividades. De 2013 para cá, os músicos se dedicaram em um novo álbum, o "Candy".

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E foi na intenção de contar como foi esse tempo longe dos palcos, a produção do novo disco, a trajetória da banda e tudo aquilo que 2017 tem para proporcionar à Toyshop que o músico Val Santos bateu um papo com a redação da Kboing e revelou alguns detalhes deste novo rumo da banda.

Confira abaixo:

KBOING: Bom, a Toyshop foi uma banda de certo destaque nos anos 1990, não é? Conta um pouco como era fazer rock naquela época, como foi a vida da Toyshop naqueles anos e por que e quando acabou.

Val Santos: Bem, primeiramente é uma honra participar do Kboing, obrigado pela oportunidade. Começamos em 1994 com Gabriel, Guilherme, Natacha, Rodrigo e eu. Os anos 90 foi bem legal, nossa melhor época, pois tudo era novo, estávamos começando, outras bandas legais surgindo como o Raimundos, Little Quail, No Doubt, Garbage, Offspring, Mighty Mighty Bosstones.

Nessa época, a internet estava engatinhando, não dominava o mercado como hoje em dia, então dependíamos das gravadoras para divulgarmos a nossa música. Deu certo no começo, lotávamos shows, tocávamos na rádio, aparecíamos na MTV e em outros canais também, mas tivemos problemas com a gravadora depois de gravarmos o primeiro disco nos EUA e aí a coisa começou a ficar ruim para nós.

Ficamos um tempo sem tocar, demos umas parada, tentei compor em português no começo dos anos 2000, mas não deu certo também. O Gui foi trabalhar com o Sepultura e a Natacha foi continuar os estudos com veterinária. O Rodrigo saiu da banda e o Nando Machado entrou no lugar. Eu fui fazer outras coisas, entrei no Viper junto com o Guilherme, continuei por um tempo. Mas todos ainda tínhamos o Toyshop em mente, a banda nunca acabou, apenas ficamos estacionados.

KBOING: Em 2016 a banda retorna, ok? Como foi esse reencontro? Quem e quando agitou os encontros para voltarem?

Val Santos: Em uma turnê que o Gui estava trabalhando com o Sepultura, a Natacha, que é a esposa dele, quis dar de presente pra ele uma música, aí ela me procurou e tinha uma música bacana, gravamos um cover e essa música que eu já tinha, que mais tarde viraria o nome do disco Candy, e foi assim que voltamos e gravamos o novo disco.

Ficamos felizes por isso, fizemos um clipe da música "Running Out" que foi trilha do filme "Apnéia" e também foi trilha de um comercial de uma empresa automobilística. Ou seja, as coisas estão entrando nos eixos de novo. Claro que hoje em dia tudo é diferente, a maior parte das coisas são feitas pela internet, como essa entrevista aqui.... haha, e temos que nos adaptar a esses novos tempos.

KBOING: Nesse hiato, quais foram as mudanças que a banda percebeu?

Val Santos: Então, nesse tempo que estávamos estacionados, muita coisa mudou no cenário da música. A internet domina o mundo hoje em dia em tudo e na música não é diferente. Estamos nos adaptando a isso, prefiro do jeito antigo, claro, acho mais cara a cara, tudo agora é por celular, falta mais contato entre as pessoas, preciso compor algo sobre isso...

Tento não exagerar usando demais o celular, claro que tem muitas coisas boas em usar internet, muitas facilidades, mas não podemos ficar escravos disso, não.
O público ficou diferente também, antigamente levantávamos o punho para curtir a banda, hoje levantamos o celular pra filmar ou tirar fotos...hahaha.

Quando estou no palco é assustador a quantidade de celulares apontados pra você, chega a ser surreal, mas é assim no mundo hoje em dia.
Quanto aos integrantes da banda, cada um tem seus empregos e suas famílias, infelizmente não conseguimos viver de música no Brasil, mas continuamos a fazer música por amor mesmo.

KBOING: Como é o contato da Toyshop com público? Qual o feedback que este público demonstra – seja pessoalmente ou pela internet?

Val Santos: o público tem sido muito bacana com a gente. Como ficamos muito tempo sem tocar, agora estamos conquistando público novo e está sendo demais conhecer novas pessoas em cada show. Estão mesmo curtindo nossa música e este ano esperamos fazer muuuitos shows e já começarei a compor músicas novas. Não vamos ser como o Metallica que demora 10 anos pra lançar um [álbum] novo...haha

KBOING: Em que e onde vocês buscam inspirações para trabalhar nas canções? Além das vertentes de rock que formam a característica do grupo, vocês buscam influências em outros gêneros musicais?

Val Santos: Bem, sou único compositor da banda, mas no último disco teve participações mais ativas do Guilherme e também da Natacha. Minhas influencias vem do Heavy Metal e até hoje me ajudam a compor músicas, pois gosto de compor riffs de guitarra e no punk rock em geral isso não acontece muito, são mais acordes.

Tenho influência, principalmente, do Kiss, Metallica, Ramones, Faith No More, bandas mais antigas. Não tenho nenhuma influência das bandas novas, mas tem muita coisa boa como Wolfmother. Cada um da banda tem suas influências e isso também entra nas composições. Meu gosto pessoal é o mais eclético da banda, vou de Luiz Gonzaga a Slayer....haha, gosto de tudo, não fico preso só ao rock, todo estilo de música tem coisas boas.

KBOING: Quanto ao ano de 2016, qual a retrospectiva da Toyshop na música? Quais foram os feitos neste ano?
Val Santos: 2016 foi um ano legal para a banda, fizemos shows, tivemos nossa música tocando em rádio, internet, em comercial, fizemos programas de rádio, entrevistas. Tudo foi legal, e espero que ano que vem isso dobre ou triplique.

KBOING: E em 2017, o que vem pela frente? O que os ouvintes e amantes da música podem esperar? Agenda de shows, parceria, novidade etc?

Val Santos: Em 2017 esperamos que tudo fique melhor ainda do que foi esse ano, prometo que vocêss saberão muuuito mais do Toyshop. Como disse antes, começarei a compor músicas novas, quero sempre produzir, acho que faremos mais shows que é o que a banda precisa, entrar em contato com o fãs, viajar mais, devemos fazer mais shows no interior.