Cheguei na boca da noite,
Parti de madrugada
Eu não disse que ficava nem
Você perguntou nada
Na hora que eu ia indo,
Dormia tão descansada
Respiração tão macia,
Morena nem parecia
Que a fronha estava molhada
Vi um rosto na janela,
Parei na beira da estrada
Cheguei na boca da noite,
Saí de madrugada
Cheguei na boca da noite,
Saí de madrugada
Gente da nossa estampa
Não pede juras, nem faz
Ama, passa, e não demonstra
Sua guerra, sua paz
Quando o galo me chamou,
Eu parti sem olhar pra trás
Porque morena eu sabia,
Se olhasse, não conseguia
Sair dali nunca mais
Vi um rosto na janela,
Parei na beira da estrada
Cheguei na boca da noite,
Saí de madrugada
Cheguei na boca da noite,
Saí de madrugada
O vento vai pra onde quer,
A água corre pro mar
Nuvem alta em mão de vento
É o jeito da água voltar
Morena, se acaso um dia
Tempestade te apanhar
Não foge da ventania,
Da chuva que rodopia,
Sou eu mesmo a te abraçar
Vi um rosto na janela,
Parei na beira da estrada
Cheguei na boca da noite,
Saí de madrugada
Cheguei na boca da noite,
Saí de madrugada